quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Paixões, namoros e rolos - Parte I

Minha primeira paixão foi um cara de 30 anos. Eu tinha uns onze, eu acho. Ele era amigo do meu pai. Não era bonito, mas, eu achava ele lindo. Gostava do jeito que ele contava histórias, sempre sorrindo. E também da voz dele carivante. Nessa epóca eu morava em São Paulo. Quando ele vinha, de longe eu já sabia que era ele. Sempre com seu cigarro e sua voz reconhecivel. Sentava na sala, pedia café e ficava horas e horas contando histórias para meu pai e para minha mãe. Eu atenta prestava atenção em cada detalhe. Deixava as bonecas de lado (brinquei de boneca até uns 13 anos) e corria para ouvir o Lauro. Ele claro, me via como criança, dizia que eu estava cada dia maior, cada dia mais bonitinha. E eu sonhava todas as noites com meu casamento com ele (imagine só quando eu fizesse 18 ele teria 37!).
Uma vez minha mãe começou a perceber que eu estava muito interessada no Lauro. Ficava perguntando dele, falando o nome dele o tempo todo. "Ah, foi o Lauro que disse" e isso e aquilo. Então minha mãe começou a dizer que ele era velho, para mim tomar cuidado e etc...coisas de mãe! Mas, eu nem dava ouvidos. Estava decidida: eu amava o Lauro. Quando sabia que ele ia aparecer me arrumava, passava batom rosa nos lábios. Nisso, ele com certeza tinha umas cinco mulheres por aí, por que fazia o estilo peão mulherengo. E jamais me veria como mulher, para ele eu era só mais uma criança!
Mas, eu não queria saber, queria ver o Lauro lá em casa, pedindo café, contando histórias e acedendo seu cigarro. Ás vezes eu ficava triste porque ele não ia lá em casa. Ou ás vezes passava por ele sem falar um "Oi", ficava com raiva porque ele não me via como mulher!
Agora, eu entendo. O que eu sentia pelo Lauro, não era paixão e estava longe de ser amor. Era só admiração mesmo. Porque na verdade eu nunca tinha conhecido um homem sem ser o meu pai. E meu pai para mim não era um homem, era meu pai. O pai que contava historias para mim dormir e me dava beijos na testa todas as noites. E como meus tios e todos os homens da minha família moravam em Brasília, eu não tinha contato com nenhum homem de verdade. Lauro foi o primeiro homem que conheci de verdade, o primeiro que tive contato. Os outros eu só via de longe na rua. O Lauro foi chegando, indo na minha casa e aí vi como um homem falava, como fumava um cigarro, como se sentava e me apaixonei pela figura de homem que ele representava.
Mas, para esquecer o Lauro foi um custo só! Acho que só esqueci ele quando vim definitivamente para Brasília. Aí a figura do Lauro foi ficando lá para trás...para bandas de São Paulo. E eu fui conhecendo outros homens na minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário